Festa das Bruxas de Itaguaçu

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Não é por acaso que Florianópolis é apelidada carinhosamente de Ilha da Magia. Os folclores, mitos, lendas e curiosidades que constituem a cultura desta cidade são um convite para conhecer com mais profundidade cada canto da ilha.

A Praia de Itaguaçu, localizada no Bairro de Coqueiros é um exemplo de que por trás de uma beleza desenhada por Deus, trás consigo um mistério onde bruxas são protagonistas de um dos enredos mais intrigantes de Florianópolis.

As bruxas fazem quatro grandes reuniões por ano. Uma espécie de congresso onde toda as integrantes comparecem para prestar contas ao Diabo sobre as ações realizadas além de planejar as que ainda serão executadas. Como de costume as bruxas precisam beijar o rabo do Diabo, que fede a enxofre. Estes encontros, também conhecidos como sabat, acontecem sempre na passagem das estações, e para sua realização escolhem os pontos mais formosos e exuberantes da ilha.

Certa vez escolheram um ponto onde havia uma grande pedra que os índios a chamavam de Itaguaçu, que significa “Pedra Grande”. O congresso já havia terminado e muitas bruxas já haviam se despedido, enquanto outras continuavam a prosa amigável diante de Itaguaçu. Uma delas, que pertencia a alta sociedade local mencionava sobre o baile que havia comparecido no Clube Doze, uma soirée, um baile de debutantes, e descreve a vestimenta de cetim, luvas longas, sapatos altos, penteados e joias fulgurantes. A orquestra maravilhosa e os primorosos comes e bebes. Fascinante o luxo e esplendor daquela linda noite de festa.

Uma delas, ao ouvir do relato da bruxa socialite, cobiçou e mencionou a vontade que tinha de comparecer a um evento do mesmo patamar. A vontade que descrevera era a mesma das demais participantes da conversa.

A bruxa socialite teve uma ideia e falou:

– Já sei, vamos fazer uma festa só para nós. Mandamos vir a orquestra selenita, que está na lua cheia, convidamos nossas amigas e todos os seres sobrenaturais como os caiporas, boitatás, vacatatás, ondinas, vampiros, mulas-sem-cabeça, sacis, entre outros, e faremos uma festa linda para atender todas nossas vontades.

Outra bruxa, respondeu:

– Mas o Diabo não vai gostar e ele sempre é mal-educado, além de feder a enxofre. Não será nada agradável uma festa com a presença do presunçoso e fedorento.

– Já sei – diz a bruxa socialite. Não convidamos o Diabo, a festa será somente para nós, sem a presença do tinhoso.

Todas concordaram e organizaram a festa que se desenrolou como haviam planejado, com suas vestes magníficas ao som da afinada orquestra selenita, até que uma das bruxas, a pior delas, carregada de inveja, resolveu sair de fininho sem ninguém perceber e foi diretamente ao Diabo e disse:

– Sabia que as bruxas estão fazendo uma festa e não o convidaram pois fedes a enxofre?

O Diabo, se enfureceu com o que a bruxa invejosa relatou e com um estalar de dedos surgiu no meio da festança, esbravejando e causando um extremo pavor em todos os participantes da festa, que correram e se esconderam como puderam. Mas o Diabo castiga aquelas que ainda estavam ao alcance de seus olhos e as transforma em pedras que, ainda hoje, flutuam no mar que continuou a ser chamado de Itaguaçu.

Apesar do ocorrido, as bruxas petrificadas eternizaram seu ato de coragem, e nos deixaram de presente uma paisagem que de longe nos fascina e de perto temos certeza de que sua formosura é algo sobrenatural.

Uma resposta

  1. Conheci este paraíso e me encantei, e agora fiquei mais apaixonada ainda em saber desta história. Muito obrigada e parabéns.

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